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Verde, que te quero verde

Esperávamos o clássico regresso à subida dos preços por volta de 20 de Março até que o USDA publicou o relatório de stocks e sementeira…

Dos rebentos da Primavera, que referia o Senhor Zapatero, não vi nenhum. Quanto à cor verde da esperança que augura o final da crise segundo os Senhores do Governo, parece-me ao dia de hoje, que é um verde mais murcho do que outra coisa. Ora bem, do verde dos campos eu posso dar opinião. Falemos da nova colheita, que ao dia de hoje assoma-se como excelente em toda a Espanha, e me aventuraria a dizer que em toda Europa. Se bem que não se possa dar nada ainda como certo, pelo menos em Espanha, também é certo que uma boa sementeira garante 50% da colheita. Eu diria, ainda que assumindo o risco de me enganar, que indo muito mal a coisa teríamos uma colheita como a do ano passado. Ao dia de hoje, e sendo prudentes, fala-se de 5,5 milhões de toneladas de trigo, de 8-8,5 milhões de toneladas de cevada e se isto fosse pouco os pântanos estão cheios, pelo que a colheita de milho está garantida (já se fala de 5 milhões de toneladas de milho). Em geral os números este ano, ao dia de hoje, parecem muito generosos. Por todo isto creio que poderemos ver preços para o segundo semestre bastante parecidos aos do ano passado. Também podemos dizer o mesmo para a proteína, vendo a colheita a nível mundial podemos aventurar preços significativamente mais baratos que no ano passado. Esperemos que o panorama não se estrague.

No que se refere à nova colheita não houve alterações significativas de preços, antes do relatório do USDA as cotações eram mais ou menos as mesmas: o milho continua à volta dos 200 €/Tm, o trigo nos 220 €/Tm e a soja nos 390 €/Tm (para uma posição de Junho-Dezembro). É uma hipótese mas parece-se que, diante destes preços, os consumos vão-se inclinar pelo trigo ainda que não tanto como na campanha passada, depois pelo milho e em terceiro lugar pela cevada. Contudo, o mercado continua a pensar que o diferencial entre o trigo e o milho é demasiado grande e por isso continua sem tomar posições no trigo. Em geral espera-se pela pressão de colheita do Mar Negro que fala ceder os preços provocando que o diferencial entre trigo e milho se reduza.

Por último deitemos uma vista de olhos à proteína. Esta continua o seu caminho, vemos que os tempos de espera para carregar a soja da nova colheita no Brasil continuam sendo consideráveis (cerca de 60 dias), pelo que os preços não estão em vistas de baixar até que os barcos cheguem de maneira generalizada aos portos do país. Vendo o diferencial existente entre velha e nova, devemos esperar um cenário mais ou menos complicado até meados de Maio (data que se estima que comecem a chegar barcos).

Tudo isto é teoria. E no dia-a-dia que se passa? Parecia que repetíamos a história de todos os anos, e tal como manda a tradição, por volta de 20 de Março os preços repontavam na subida. Parecia que os preços se iam manter numa situação de subida até à chegada da nova colheita. Digo parecia porque na Quinta-Feira à tarde (28 de Março), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos publicou o seu relatório sobre a superfície semeada e stocks trimestrais que provocou um tsunami que tingiu de encarnado todos os mercados, descidas que continuaram na Segunda-Feira de Páscoa (não esqueçamos que é um dia festivo em muitos países Europeus). À espera de ver como estas descidas vão afectar os preços das matérias-primas atrevo-me a aventurar que se transferirão de forma mais significativa para a nova colheita. No que à velha colheita se refere, a ligação entre campanhas (velha e nova) será complicada para o trigo e a cevada existentes pelo que me surpreenderia ver grandes descidas de preços nestas posições.

2 de Abril de 2013

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