Doença do edema: desafio recorrente nas granjas

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Os animais com melhor desenvolvimento são mais susceptíveis à doença devido a uma série de fatores interligados ao comportamento alimentar e à forma como a infecção se manifesta.

A doença do edema é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor relacionadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A enfermidade está associada à presença de cepas patogênicas de Escherichia coli no intestino delgado dos suínos afetados. Sob certas condições, essas cepas proliferam e produzem verotoxina-2e (VT2e), uma enterotoxina que desencadeia o quadro.

A patogênese da doença do edema envolve a produção da VT2e que causa a inflamação do endotélio intestinal. Esta inflamação aumenta a permeabilidade vascular, levando ao extravasamento de fluidos e resultando em edemas subcutâneos.

Os prejuízos provenientes dessa enfermidade estão associados ao fato da patologia afetar, preferencialmente, os leitões com melhor desenvolvimento no lote. Isso ocorre por conta de uma série de fatores interligados, como o comportamento alimentar desses animais e à forma como a infecção por Escherichia coli se manifesta.

“Os leitões, que apresentam maior ganho de peso e crescimento acelerado, tendem a ser mais suscetíveis à doença principalmente porque consomem mais alimento e água do que os demais. Isso os expõe a uma maior carga de E. coli, já que a contaminação se dá principalmente pela ingestão oral de alimentos e água contaminados”, explica Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.

O mecanismo da doença envolve a produção de toxinas por cepas específicas de E. coli que se aderem à mucosa intestinal, especialmente no intestino delgado. Essas toxinas são então absorvidas pelo organismo e entram na corrente sanguínea, onde causam danos ao endotélio dos vasos sanguíneos. Leitões que consomem maiores quantidades de ração e água contaminada acabam ingerindo doses mais altas de E. coli, o que resulta em uma maior produção de toxinas e, consequentemente, em um quadro mais severo da doença.

Além disso, os leitões mais desenvolvidos tendem a ser mais competitivos no acesso à alimentação, dominando os comedouros e bebedouros. Essa competitividade faz com que esses animais consumam mais rapidamente e em maior quantidade, facilitando a ingestão de E. coli presente na alimentação ou no ambiente. Essa maior ingestão, em um curto período, também pode sobrecarregar o sistema digestivo dos animais, dificultando a resposta imunológica intestinal e permitindo que as bactérias patogênicas se multipliquem mais facilmente.

Outro aspecto importante é que, durante o desmame, os leitões de rápido crescimento enfrentam maiores desafios imunológicos e mudanças bruscas na dieta. Isso os torna mais vulneráveis à colonização por E. coli, especialmente em momentos críticos de adaptação nutricional. Além disso, o estresse do desmame pode reduzir ainda mais a eficácia do sistema imunológico dos animais, favorecendo o aparecimento da doença.

Por fim, há também a possibilidade de predisposição genética. “Alguns leitões mais desenvolvidos podem ter características genéticas que facilitam a ligação das cepas patogênicas de E. coli às células intestinais, o que explica por que esses animais podem ser mais frequentemente afetados pela doença do que outros membros do lote. A combinação desses fatores — maior ingestão de alimentos contaminados, competitividade alimentar, metabolismo acelerado e, possivelmente, predisposição genética — faz com que a doença do edema acometa preferencialmente os leitões com melhor desempenho e maior crescimento dentro do rebanho”, detalha o profissional

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

“Ao pensarmos no controle da enfermidade, a vacinação com a forma atenuada da toxina Shiga (Stx2e) contra a Escherichia coli emerge como uma ferramenta eficaz na proteção contra a doença, contribuindo para melhores resultados no campo. Adicionalmente, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, agente causador da enfermidade.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário”, afirma Pedro.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção para evitar sérias implicações econômicas e assegurar o bem-estar animal.

Sobre a Ceva Saúde Animal

A Ceva Saúde Animal (Ceva) é a 5ª empresa global de saúde animal, liderada por veterinários experientes, cuja missão é fornecer soluções de saúde inovadoras para todos os animais e garantir o mais alto nível de cuidado e bem-estar. Nosso portfólio inclui medicina preventiva, como vacinas, produtos farmacêuticos e de bem-estar para animais de produção e de companhia, como também equipamentos e serviços para fornecer a melhor experiência para nossos clientes. Com 7.000 funcionários em 47 países, a Ceva se esforça diariamente para dar vida à sua visão como uma empresa OneHealth: "Juntos, além da saúde animal".

Faturamento Global de 2023: €1,5 bilhão.

www.ceva.com.br

 

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