Mesmo sem todos os dados consolidados já é possível fazer um balanço do ano na suinicultura brasileira e projectar cenários para 2022. No mercado externo, as exportações de carne suína fresca devem fechar 2021 com um crescimento superior a 11% em relação ao ano passado, totalizando pouco mais de 1 milhão de toneladas. Porém, no mês de Novembro houve uma redução significativa das exportações, chamando a atenção a queda para a China, o maior importador de carne de porco, que comprou apenas 20,3 mil toneladas no último mês no Brasil, o pior resultado mensal desde Abril de 2019 para este destino.
Esta queda nas exportações para a China já tinha sido observada em Outubro e pode ser atribuída ao aumento de oferta de carne de porco no país, determinando a redução do preço no mercado doméstico chinês que também acabou por se reflectir na redução do valor em dólares da carne brasileira exportada. A diferença (spread) do preço em reais em relação ao mercado doméstico de carcaça (São Paulo) também caiu para baixo de 20%, destacando que mais de 85% das exportações de carne de porco do Brasil são sob a forma de cortes, determinando que, no momento o mercado externo de carne de porco seja pouco atractivo quando comparado com o preço no mercado doméstico.
Perante esta queda nas exportações de carne de porco para a China nos últimos meses é natural que haja preocupação quanto às perspectivas das exportações em 2022, porém, entendendo as causas desta redução que foram relacionadas com a redução de efectivo decorrente, não sé da persistência da Peste Suína Africana (PSA) na China, como também porque os suinicultores chineses estavam a operar no vermelho. Espera-se que em 2022, especialmente no segundo semestre, esta redução dos efectivos resulte na redução da oferta, dando oportunidade a um novo aumento da exportação de carne de porco para a China. Mas, e no primeiro semestre de 2022? Os últimos anos demonstraram que os primeiros meses do ano são de redução do ritmo de exportações para a China, entretanto, há um facto novo que é a reabertura do mercado russo que anunciou uma quota (tarifa zero) de 100 mil toneladas para o Brasil exportar no primeiro semestre do ano que vem. É um alento, visto que pode servir como uma espécie de “backup” para a redução das compras chinesas no início do ano.
O momento não é dos melhores, principalmente no mercado interno, quando se observa claramente que a oferta ultrapassa a procura e os preços pagos ao produtor não reagem nem mesmo nas últimas semanas que antecedem o Natal. A tão esperada subida do preço do porco no final de ano não aconteceu e o suinicultor deve fechar 2021 com margens financeiras negativas.
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13 de Dezembro de 2021/ ABCS/ Brasil.
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