Com crescimento superior a 10 milhões de toneladas em relação ao ciclo anterior, a produção de grãos deve chegar aos 265,7 milhões de toneladas, conforme aponta o 6º Levantamento da Campanha 2021/22 realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Publicado no dia 10 de Março, o documento mostra ainda um crescimento de 4,3% na área a ser semeada, estimada em 72,7 milhões de hectares – o que corresponde à incorporação de 3 milhões de hectares, influenciados, sobretudo, pelo crescimento da área de soja e de milho.
Apesar da expectativa de aumento na colheita quando comparada com o resultado obtido no período 2020/21, observa-se uma leve perda na produção de 0,9% em relação ao volume divulgado no último mês, quando eram esperadas 268,2 milhões de toneladas. A queda é reflexo da forte seca verificada, sobretudo, nos Estados da Região Sul do país e no centro-sul de Mato Grosso do Sul. O clima adverso impactou de maneira expressiva as produtividades das lavouras de soja e milho 1ª safra, principalmente.
Com a sementeira fechada da soja em 40,7 milhões de hectares, acréscimo de 3,8% na área semeada em relação à campanha 2021/22, as atenções voltam-se para o andamento da colheita da oleaginosa, que já ultrapassa 50% em todo país. De acordo com o observado pelos técnicos da Companhia, as produtividades obtidas reflectem o cenário climático durante o ciclo da cultura. A expectativa é que a produção alcance 122,76 milhões de toneladas.
O avanço da colheita da soja dita o ritmo da sementeira do milho da segunda safra. Atualmente, a Conab estima 74,8% da área já semeada. Destaque para Mato Grosso com 94% semeada. A previsão é de uma sementeira numa área aproximada de 16 milhões de hectares, o que representa um acréscimo de 6,7% em relação à campanha anterior. A actual expectativa da Conab é que a produção total do cereal cresça 29% , podendo chegar aos 112,3 milhões de toneladas. O aumento é impulsionado pelo melhor desempenho principalmente da segunda safra do grão, que tende passar de 60,7 milhões de toneladas no período 2020/21 para 86,2 milhões de toneladas na atual temporada.
Custos de produção
Durante o webinar do 6º levantamento, a Conab apresentou a percentagem de participação dos fertilizantes nos custos para as culturas de soja, milho e trigo. De acordo com o estudo, atualmente a participação destes produtos fica dentro de uma margem entre 30% a 40% nos custos variáveis, a depender da região produtora e do produto analisado.
No caso do trigo, os fertilizantes representam cerca de 33% dos custos variáveis em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, enquanto que no município paranaense de Cascavel o percentual chega a 38%. Para o milho 2ª safra, o peso destes factores de produção chega a 33% em Sorriso (MT). Já na cultura de soja no município mato-grossense a percentagem de participação dos fertilizantes atinge um índice de 37%.
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior, cerca de 22% dos fertilizantes importados no último ano tiveram como origem a Rússia, seguido da China com 15% e do Canadá com 10%.
Nesta sexta-feira (11), o Governo Federal lançará o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), que será uma referência para o planeamento do setor de fertilizantes nas próximas décadas, promovendo o desenvolvimento do agro-negócio nacional, com foco nos principais elos da cadeia: indústria tradicional, produtores rurais, cadeias emergentes, novas tecnologias, uso de minerais, inovação e sustentabilidade ambiental. O plano é também uma importante ferramenta para reduzir a dependência do Brasil em relação aos fertilizantes importados.
A partir de abril, investigadores e técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) iniciam a Caravana FertBrasil, quando irão visitar cerca de 30 polos produtivos de nove macro-regiões agrícolas do Brasil, com o objetivo de promover o aumento da eficiência de uso dos fertilizantes e outros factores de produção no campo, diminuir custos de produção dos produtores rurais e estimular a adoção de novas tecnologias e de boas práticas de maneio de solo, água e plantas.
Mercado
Neste levantamento, em relação ao mercado externo, a Conab manteve a estimativa de exportações de algodão com crescimento de 2,5%, em relação ao último ano, esperando que seja atingido um volume de 2,05 milhões de toneladas. Para a soja e o milho a previsão para os volumes a serem exportados permaneceram estáveis em 80 milhões de toneladas, 35 milhões de toneladas e 200 mil toneladas, respectivamente.
No caso do trigo, as exportações permanecem acima da média histórica, tendo sido comercializadas mais de 800 mil toneladas do produto em Fevereiro, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior. Perante isto, houve uma nova elevação das estimativas para exportações da campanha 2021, cujo ano comercial vai até Julho deste ano. A nova previsão é que sejam exportadas 2,1 milhões de toneladas no final desse período. Por fim, foi reduzida a expectativa de venda para o mercado externo de arroz, passando de 1,4 milhões de toneladas para 1,3 milhões de toneladas, dada a diminuição da estimativa de produção e considerando o cenário do mercado internacional do grão.
Quanto aos stocks finais esperados, para o milho as alterações não foram significativas, sendo o stock de passagem previsto para a campanha 2021/22 em 10,3 milhões de toneladas, aumento de 32,15% em relação ao período passado. Já para a soja é esperado que os stocks no final de Dezembro de 2022 sejam de 2,41 milhões de toneladas, redução de 9,1% em relação ao levantamento de Fevereiro. A queda é explicada pela nova redução na estimativa de produção para o ano de 2022.
Quanto ao trigo, neste levantamento, apesar do aumento da previsão de exportações de 1,9 milhões de toneladas para 2,1 milhões de toneladas, os stocks de passagem fechem a campanha 2021 em 180 mil toneladas, volume estável em relação ao levantamento de Fevereiro. O maior volume exportado tende a ser compensado pela elevação das importações de 6,8 milhões de toneladas para 7 milhões de toneladas.
10 de março de 2022 /MAPA /Brasil.
https://www.gov.br/agricultura/pt-br