Embora a última semana de Julho tenha apresentado volumes relativamente baixos de exportação (13,6 mil toneladas), quando comparada com outras semanas deste ano, o mês encerrou com um volume muito próximo do record mensal que até então havia sido atingido no mês de Maio, quando foram exportadas 90,7 mil toneladas de carne suína (MDIC). Já em Agosto, no acumulado das três primeiras semanas, foram exportadas 62742 toneladas, ou seja, pouco mais de 4 mil toneladas por dia útil. Espera-se que o mês feche um pouco abaixo de 90 mil toneladas, mantendo a média dos meses anteriores.
O aumento das exportações para o Vietname, chama a atenção, especialmente no mês de Julho quando foram exportadas quase 7 mil toneladas de carne de porco brasileira para este destino. Com cerca de 100 milhões de habitantes, o Vietname é um importante produtor e consumidor de carne de porco e, em função da entrada da Peste Suína Africana no ano passado, importou cerca de 67 mil toneladas de carne de porco. Para este ano a estimativa é de mais de 100 mil toneladas importadas e, com a recente autorização de novas unidades, o Brasil é um importante fornecedor para este destino. Porém, a dependência das exportações para China e Hong Kong é cada vez maior, fechando estes primeiros 7 meses do ano em quase 70% de todo o volume exportado, sendo que a China aumentou em quase 140% as suas compras em relação ao mesmo período de 2019.
Além das exportações, a subida da cotação dos suínos vivos foram amplificadas pela redução da oferta de animais com peso ideal para abate e a reabertura parcial do comércio. Segundo o CEPEA, os valores médios do porco atingiram patamares record reais da série do Cepea, iniciada em 2002. Em Julho, no Oeste Catarinense, a subida no mês foi de 22,7%; no Sudoeste Paranaense, a valorização mensal foi de 24,5%; em Ponte Nova (MG), a valorização mensal do suíno vivo foi de 20,7%. Ainda, segundo o CEPEA, na Grande São Paulo, a carcaça especial suína teve valorização de 19,3% de Junho para Julho, atingindo R$ 8,54/kg no último mês. Para a carcaça comum, a subida no preço foi de 18,6% no mesmo período, cotada a R$ 8,18/kg.
O recorde real (corrigido pelo IGP-DI) de preço pago pelo kg do suíno vivo até então registado pelo CEPEA foi de R$ 7,78 em Dezembro de 2004, na região de Ponte Nova (MG). Recentemente, no dia 13/08/2020, a Bolsa de BH (BSEMG) estabeleceu recorde histórico, fechando acordo em R$ 7,80.
Este crescimento vertiginoso de preços do porco no mercado independente de todo o Brasil gera uma questão natural: será que a carne de porco está muito cara para o consumidor? A resposta a esta pergunta não se pode basear somente nos números absolutos ou percentuais de aumento de preço, provocados na evidente escassez de suínos disponíveis para abastecer o mercado doméstico. Também é preciso acompanhar a evolução dos preços do boi gordo, pois a subida da carne de bovino dá mais espaço para a competitividade da carne de porco no retalho. Segundo o CEPEA, em Agosto (até ao dia 12), o Indicador CEPEA/B3 (São Paulo) registou média de R$ 226,97 por arroba de boi gordo, o valor mais elevado, em termos reais, considerando-se toda a série do Cepea, iniciada em 1994 (valores deflaccionados pelo IGP-DI). Segundo o Cepea, além da baixa oferta de animais prontos para abate, a procura internacional, continua a sustentar as cotações domésticas. O total exportado de carne bovina no acumulado deste ano (até Julho) é de 16,4% a mais que o mesmo período do ano passado (MDIC). A China destaca-se com o maior crescimento, com 451,8 mil toneladas exportadas entre Janeiro e Julho de 2020, contra 175 mil toneladas no mesmo período do ano passado (crescimento de 158,2%).
Os dados preliminares de abate de animais no segundo trimestre de 2020 publicados pelo IBGE no último dia 12, demonstram uma tendência que já vem se constatando há alguns anos. A produção de carne suína vem crescendo de forma contínua e consistente, em relação às carnes de frango e bovina.
A produção de suínos no primeiro semestre de 2020, em relação ao mesmo período do ano passado teve crescimento tanto no número de animais abatidos (+5,46%), quanto no peso médio (+2,24%) o que determinou um crescimento no volume total produzido na ordem de 7,82%. Mantidas as médias do primeiro semestre até o final de 2020 teremos um incremento em relação ao ano passado de cerca de 5%, consolidando a carne suína como a proteína que mais cresce no país, o que também pode ser demonstrado nos números dos últimos anos quando a produção de carne suína subiu mais de 20% entre 2015 e 2019.
Extrapolando estes números de produção, ainda preliminares do IBGE, e subtraindo os dados de exportação, é possível estimar como anda o consumo interno per capita. E, apesar da crise económica e sanitária causada pela Covid-19, e da maior exportação que pressiona me subida os preços de mercado interno, o consumo dos brasileiros continua relativamente elevado, sendo que no primeiro semestre de 2020, estima-se um aumento no consumo per capita ano de mais de 380g (2,36%) em relação ao mesmo período do ano passado, considerando a mesma população.
25 de Agosto de 2020 / ABCS / Brasil.
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