A resistência aos antimicrobianos (RAM) está-se a tornar numa ameaça cada vez maior para a saúde, a inocuidade dos alimentos e a segurança alimentar à escala mundial e também pode dar lugar a importantes problemas socio-económicos.
Para inverter esta situação, o Director-Geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Sr. QU Dongyu, pediu, na sua intervenção dentro do Diálogo interactivo de alto nível da Assembleia-Geral sobre a RAM, que se adoptem medidas coerentes, imediatas e decisivas.
O Sr. QU instou a que se fortaleçam a colaboração multi-sectorial e a criação de capacidade e que se promova o uso prudente e responsável dos antimicrobianos nos sectores da agricultura e da alimentação.
O Director-Geral sublinhou a necessidade de abordar o duplo desafio de satisfazer a procura de proteínas de origem animal — que se prevê que aumente 45 % daqui até 2050 — e, ao mesmo tempo, reduzir os riscos da RAM.
Fazer frente às ameaças da RAM em conjuntos
A FAO considera que só se podem enfrentar com êxito as ameaças da RAM se todos os sectores colaborarem.
À escala nacional, isto significa a colaboração de diversos Ministérios — desde o da Saúde, Alimentação e Agricultura até ao do Ambiente — juntamente com o sector privado e outros actores não estatais. A nível mundial, onde las repercussões se estendem ao longo de todo o planeta, um bom exemplo dos esforços colectivos por lutar contra a RAM é a colaboração tripartida FAO/OIE/OMS em matéria de RAM, que se leva a cabo conjuntamente com o PNUMA.
O Director-Geral da FAO sublinhou a necessidade de promover o tema “Uma saúde” de forma eficaz e coordenada, no que se reconheceram as fortes ligações entre as pessoas, os animais e o meio ambiente e a necessidade de enfrentar as ameaças para a saúde mundial de forma integral, em todos os níveis e fazendo participar todas as partes relacionadas.
Com a finalidade de acelerar as medidas no terreno no âmbito desta abordagem, a associação tripartida pede um aumento dos fundos, das contribuições em espécie e dos recursos para ampliar a escala das operações a nível mundial e nacional, declarou o Sr. QU.
Trabalho da FAO em matéria de RAM
A RAM nos agentes patogénicos animais já está a afectar os animais domésticos e, em resultado, repercute-se na produção animal, o que debilita a inocuidade e segurança alimentares.
Além disso, os patógenos resistentes aos antimicrobianos podem desenvolver-se e propagar-se ao longo da cadeia alimentar e circular entre animais, humanos e o meio ambiente. Isto significa que também se podem encontrar nos alimentos que consumimos e na água que bebemos.
Pelo seu carácter de organização multidisciplinar, a FAO desempenha um papel fundamental para prestar assistência integrada e coerente aos países em que a regulamentação e o acompanhamento do uso de antimicrobianos e para a prevenção e redução ao mínimo do desenvolvimento de resistência em todos os sectores.
A sua experiência em matéria de desenvolvimento da capacidade permite-lhe responder aos pedidos de apoio dos países quanto ao uso de antimicrobianos e à prevenção e ao controlo da RAM, entre outras questões.
Para ajudar os seus Membros, a FAO elaborou uma série de ferramentas com a finalidade de prestar apoio aos sectores da alimentação e da agricultura na gestão da RAM. Um exemplo é a Ferramenta de Avaliação de Laboratórios e Sistemas de Vigilância da Resistência Antimicrobiana da FAO (FAO-ATLASS), uma ferramenta para avaliar e definir metas destinadas a melhorar os sistemas nacionais de vigilância da RAM nos sectores da alimentação e da agricultura. Outra das ferramentas é a senda progressiva de gestão da resistência aos antimicrobianos, que constitui um guia que ajuda os Membros a aplicar os seus planos de acção nacionais sobre a RAM.
29 de Abril de 2021/ FAO.
http://www.fao.org