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FAO: Quem ganha e quem perde com a Peste Suína Africana

A chegada da PSA à China e a sua rápida expansão pelo país que tem a metade de todos os porcos do mundo, terá um notável impacto nos mercados mundiais da carne e das rações para animais.

13 Maio 2019
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Ainda que os efeitos concretos ainda estejam por determinar, esta doença animal poderá provocar uma queda de cerca de 20% no número de porcos da China. Esta forte diminuição é sustentada em dados indirectos que mostram uma grande redução da indústria de transformação de produtos de suíno a nível local, bem como na produção e venda de alimento para suínos.

As consequências globais desta situação prevêem-se complexas. Por um lado, estima-se que as importações de carne de porco cresçam até 26% e que também aumentarão as de outros tipos de carnes, como a de bovino ou a de aves. Mas por outro, a redução do número de cabeças de suínos na China deverá traduzir-se numa menor procura de cereais e sementes para alimentos compostos e, em particular, de soja. A China importa actualmente cerca de dois terços de toda a soja objecto de comércio internacional e cerca da metade dessa quantidade é destinada a alimentar os suínos chineses. As compras de soja já se tinha desacelerado devido às tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos e, agora, essa tendência reforça-se com a decisão do país asiático de reduzir as exigências de proteínas na alimentação dos suínos.

Ao mesmo tempo, é pouco provável que o consumo de carnes na China continue a crescer a um ritmo tão rápido como o que vinha a fazer no passado, até atingir os 95 quilos por pessoa e ano de carnes, ovos e peixe criados em aquacultura. Como se isto fosse pouco, a revisão realizada nos últimos censos agrícolas chineses revela que o país armazena mais de 180 milhões de toneladas de milho, o que se junta à grande oferta de grãos para rações e parece estar a reduzir a procura de importação de cevada e sorgo.

Ainda que grande parte do que suceda depende dos esforços para conter a expansão da PSA – que também foi confirmada recentemente no Vietname, um dos principais produtores de carnes de suíno e noutros países vizinhos – a tendência aponta para uma subida dos preços da carne de suíno e uma descida dos preços da ração. Esta “rara combinação de eventos” implica uma vantagem para o sector agrícola da Europa, que beneficiará dessa redução dos preços das rações, bem como para os suinicultores nos Estados Unidos, onde existe capacidade exportadora para aumentar o fornecimento destes produtos rapidamente.

Do mesmo modo, a crises da PSA representa um impulso para os avicultores, em especial para os principais exportadores como é o caso do Brasil. Espera-se que a produção de aves de capoeira na China cresça 7% este ano, reflectindo assim, tanto as consequências da PSA como o êxito do país na contenção de outra doença animal que se propaga com rapidez como é a Gripe Aviária Altamente Patogénica.

Quinta-Feira, 9 de Maio de 2019/ FAO.
http://www.fao.org

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