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FAO: travar o uso de antimicrobianos promotores de crescimento

Os antimicrobianos são importantes para proteger a saúde dos seres humanos e dos animais, mas estes medicamentos devem ser usados de forma responsável, incluindo nos sectores agrícolas, assegurou o Director-Geral da FAO, José Graziano da Silva.

8 Junho 2018
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“A FAO defende – explicou - que os antibióticos e outros antimicrobianos somente devem ser usados para curar doenças e aliviar sofrimento desnecessário. Só em circunstâncias muito determinadas devem usar-se para prevenir uma ameaça iminente de infecção”.

Após lembrar que os antimicrobianos continuam a ser utilizados para estimular o crescimento - especialmente no sector pecuário e na aquacultura -, o Director-Geral da FAO advertiu que tais práticas “deveriam ser eliminadas de imediato”.

Também referiu que será necessário travar o uso de antimicrobianos como biocidas nas culturas, situação que está a levar a que alguns fungos se tornem mais resistentes aos tratamentos.

O uso - e abuso - cada vez maior de medicamentos antimicrobianos no tratamento tanto de pessoas como de animais, contribuiu para um aumento no número de micróbios causadores de doença que são resistentes aos fármacos utilizados para os tratar, como os antibióticos.

Isto faz com que a AMR seja uma ameaça crescente que poderá provocar até 10 milhões de mortes anuais e mais de 100 biliões de dólares americanos em perdas para a economia mundial no ano 2050, de acordo com alguns estudos. E, para além dos riscos para a saúde pública, a AMR tem implicações na inocuidade alimentar, bem como para o bem-estar económico de milhões de famílias de agricultores em todo o mundo.

Graziano da Silva sublinhou que, até à data, apenas 89 países indicaram que têm um sistema para recolha de dados relativo ao uso de antimicrobianos nos animais de produção e que “a AMR não se resolverá em poucos anos. Necessitará atenção e orientação permanente”.

Sá trabalhando de forma conjunta, a comunidade internacional poderá abordar os desafios que são colocados pela AMR para o desenvolvimento sustentado”, disse, sublinhando o importante papel não só dos governos, mas também da sociedade civil e do sector privado.

Fortalecer os sistemas de vigilância e acompanhamento

O Plano de Acção da FAO sobre a AMR procura melhorar a consciencialização sobre este problema e as ameaças associadas; desenvolver a capacidade de vigilância e de acompanhamento; fortalecer a governança; e promover boas práticas e um uso prudente dos antimicrobianos.

No âmbito dos esforços para implementar o plano de acção, a FAO apoia os países e as comunidades rurais. “Isto é especialmente importante ali, onde a legislação, a vigilância regulatória e os sistemas de acompanhamento são débeis ou inadequados”, segundo Graziano da Silva.

Estreita colaboração com a OMS e a OIE

A FAO, a OMS e a OIE decidiram intensificar o seu trabalho conjunto através de um Memorando de Entendimento que inclui o reforço da colaboração contra a AMR.

Graziano da Silva citou vários exemplos onde as três organizações colaboraram com êxito. Entre elas figura o apoio ao Governo do Gana, que no mês passado lançou uma normativa para a resistência aos antimicrobianos e um plano de acção nacional.

A FAO, a OMS e a OIE também estão a apoiar o Governo do Cambodja para incorporar e implementar o uso responsável de antimicrobianos na sua legislação e no Vietname, a FAO ajuda a recolher amostras nos sistemas aquícolas para aumentar a vigilância.

Quarta-Feira, 30 de Maio de 2018/ FAO.
http://www.fao.org

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