Espera-se que a producción mundial de carne em 2020 atinja 337,3 milhões de toneladas (equivalente peso carcaça ), 0,5% a menos que no ano anterior, uma projecção bem menos pessimista do que a anterior, mas que continua a apresentar queda pelo segundo ano consecutivo.
A queda esperada na produção de carne de porco, na Ásia e principalmente na China, causada pela continuidade do impacto da Peste Suína Africana, é responsável por grande parte da desaceleração esperada na produção mundial de carne, junto com possíveis quedas na produção de carne bovina na Índia, Austrália e Brasil, entre outros, causados por escassez de oferta. Em contrapartida, a produção de carne de frango deve crescer, ainda que a pouco mais da metade da registada no ano passado, devido à forte procura, reflectindo principalmente o déficit e os elevados preços internos da carne de porco na China. Um crescimento modesto na produção de carne ovina também é esperado.
O ritmo de crescimento da produção em todos os sectores de carne foi moderado por mudanças relacionadas com a pandemia e as limitações dos produtores para equilibrar a oferta à luz de uma procura incerta, apesar dos pacotes de ajuda do governo dirigidos à indústria.
Espera-se que o comércio mundial de carne cresça para 37,6 milhões t em 2020, um aumento de 3,9% em relação ao ano anterior, uma taxa de crescimento significativamente inferior aos 6,9% em 2019, reflectindo as restrições às importações de muitos países, em linha com os impactos negativos da COVID-19 no comércio global de carnes e a profunda recessão global. Em contraste, as importações de carne da China devem aumentar 44% ou mais de 3 milhões de toneladas a partir de 2019, absorvendo cerca de 30% das exportações mundiais de carne. Muito do aumento esperado nas importações mundiais de carne é provavelmente devido às exportações do Brasil, Estados Unidos, Canadá, México, Federação Russa e União Europeia.
Apesar do aumento significativo das importações de carne por parte da China, uma combinación das dificuldades económicas relacionadas com a COVID-19, a redução da procura do sector da restauração, os obstáculos logísticos e a disponibilidade limitada de divisas em alguns países importadores de carne enfraqueceu a procura mundial de importações, em comparacção com as exportações, provocando que os preços internacionais da carne caissem este ano. A descida mais pronunciada foi registada na carne de porco, seguida das carnes de aves, bovino e ovino. Dado que é provável que persistam as alterações do mercado relacionadas om a COVID19, espera-se que a procura de carne se mantenha moderada nos próximos meses, mantendo os preços internacionais da carne sob pressão.
FAO. 2020. Perspectivas alimentares - Relatório semestral sobre os mercados mundiais de alimentos – Novembro de 2020. Roma. https://doi.org/10.4060/cb1993en